9 de março de 2014

A casa nº 11


A casa n-º 11 acostumou-se a receber uma cálida visita nas escaldantes tardes de B-R-O-BRÒ, a rua sempre vazia, ao menor movimento um curioso sorrateiramente colocava a cara na janela como que ansioso por novidade.
A primeira vez que ela chegou o lugar era vazio, uma grossa camada de poeira emcobria os planos Esquecidos pelos cantos, olhou, sorriu e não se demorou. A segunda vez que ela veio abriu todas as janelas, o sol entrou porta adentro e a pequenina moradia encheu-se de vida, já tinha até água fria e lugar para sentar. A terceira vez que ela voltou trouxe um cheirinho bom de feijão fumegando no fogão, de casa habitada, risos soltos pela sala e frases deliciosas de se ouvir: “amar-te é bom de mais.”
Ela voltou outras vezes mais e espalhou pelo comodos outros odores que dá água na boca só de lembrar, que se empregnaram na coxa da cama, nos lençois, nas paredes, que se empregnou em mim e misturou-se com a minha alma, gemidos ecoavam pelo quarto, declarações de amor escritas com baton vermelho nas paredes e muitas digitais pelos corpos.
A ultima vez que ela veio deu um beijo salgadinho daqueles com sabor de lagrima, um coração disparou, extremidades ficaram frias, ela exitou três vezes antes de falar, ascendeu um cigarro a fumaça fez um giro engraçado no ar, ela olhou fixamente como se estivesse tomando coragem, os lábios estremeceram,olhou no fundo dos negros olhos que lhe fitavam e balbuciou alguma coisa que demorou a chegar nos ouvidos, fez-se silêncio, este, foi interrompido por um uivo, uma manifestação de dor,como o de um animal ferido, levantou-se abriu a porta, partiu, deixou uma mulher chorando.




Carmem Lucia dos Santos Ribeiro

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